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06 julho 2021

Velha amiga

De tempos em tempos recebo a visita dessa velha amiga. Ela chega como um suspiro do coração, um vento que leva embora tudo que há pelo caminho, e deixa um vazio, uma falta de mim mesmo. Nesse vazio eu me sento, e passo a viver e a sentir o mundo através dele.


Há muito o que aprender por lá.

Em sua companhia estou só, e mesmo rodeado de gente, continuo só.
É parte do meu ciclo, é intrínseco a mim, está profundamente marcado em minha alma. E a cada volta dessa companheira me vejo mais próximo a ela, como uma amizade construída aos poucos.


Estar só é estar acompanhado da solidão, e não se está realmente só quando se vê nela uma amiga, quando se sente nela uma força.


A solidão gera um movimento emocional muito poderoso, ela mexe em lugares que ficam adormecidos no interior da gente. Isso libera sentimentos e energias que podem ser transformados em arte, que podem ser expressos de alguma forma.


Essa expressão não precisa ser bela, nem amigável, nem bonita e florida. Ela pode muito bem ser trágica, dura, cheia de lágrimas e espinhos, pois essa é sua natureza. E quanto mais verdadeira ela for, maior será sua força, e mais energia ela irá movimentar.


Leva muito tempo e muito sofrimento para adquirir e assentar a consciência desse poder, talvez mais de uma vida até. Mas é assim, de vida em vida a gente vai amadurecendo a alma.