Apenas sinto
E o sentir tem sido intenso
As vezes pressinto
E isso já me traz uns versos
E é assim,
com o pulsar do coração
vem as palavras
Que me escapam pelas mãos
nessas folhas de papel
Apenas sinto
E o sentir tem sido intenso
As vezes pressinto
E isso já me traz uns versos
E é assim,
com o pulsar do coração
vem as palavras
Que me escapam pelas mãos
nessas folhas de papel
[Vitor Uemura]
Sou como um quebra-cabeça que nunca se repete
Cada pessoa que conheço,
cada livro que leio,
cada canção que escuto e danço,
cada ínfima coisa
acrescenta uma nova peça
que modifica todas as outras
Eis que preciso me desmontar todo,
pra me remontar diferente
[Vitor Uemura]
Me preocupar com o que quero fazer
é deixar de sentir o que quero fazer
Pensar sobre o que quero fazer da Vida
é deixar de sentir o que a Vida quer que eu faça dela
[Vitor Uemura]
Hoje olhei pra cima
e vi uma rima acontecer.
Era o azul do céu,
que rimava com as nuvens passageiras,
que rimavam com a Lua,
apressada em seu caminho,
pra chegar no anoitecer.
[Vitor Uemura]
Tenho pensado cada vez mais se continuo a postar coisas no instagram. Sinto que alguma hora ele vai mudar de maneira drástica, ou simplesmente desaparecer, e não quero que todo o meu conteúdo criativo esteja lá, ainda mais em uma formatação que não permite muita liberdade. Além de tudo, é uma rede social, que acredito ter sua utilidade, mas vejo que a grande maioria das pessoas (eu incluso) não sabem usar a parada de forma saudável, gastando muitas e muitas horas de seus dias ali, e também alimentando sentimentos que muitas vezes não são bons.
Eu mesmo, costumava usar bastante o facebook e não percebia o quanto aquilo me fazia mal. Eu via as pessoas sempre felizes, tendo momentos incríveis, fazendo mil aventuras, e tudo isso contribuía para que eu sentisse que a minha vida não era nem um pouco legal quanto à das pessoas. Ficava triste e achando que havia algo de errado comigo.
Lembro que um dia bem interessante na minha vida foi quando resolvi deletar o facebook (hoje ainda mantenho por conta dos desenhos e para usar o marketplace raramente). Foi uma libertação muito boa, que me colocou novamente em contato com coisas que eu estava deixando de lado (livros, por exemplo). Não foi nada demais também, não foi uma epifania, não foi um momento de virada na vida, não foi uma alegria infinita nem nada disso. Foi normal, mas um normal melhor.
Bom, tudo isso pra desabafar que estou pensando em me ausentar do isnta. Mas nada certo por enquanto... Só um pensamento que vem rondando minha mente. Ou pelo menos usar ele de forma mais livre, mudando na verdade minhas expectativas sobre o uso. Pode parecer besteira, mas quando uso o instagram, inconscientemente acredito que preciso sempre aumentar o número de seguidores, pra poder espalhar mais a minha arte, pra poder vender mais desenhos e pra conseguir mais trabalhos, e etc. Acho que também não é uma dinâmica muito saudável pra se manter.
Sei que bem menos pessoas vão ler o blog ou acessar a página, mas não tem problema. Quero uma coisa simples mesmo, e carrego no coração as palavras que o Bernardo Soares colocou no Livro do Desassossego:
“Para todos nós descerá a noite e chegará a diligência. Gozo a brisa que me dão e a alma que deram para gozá-la, e não interrogo mais nem procuro. Se o que deixar escrito no livro dos viajantes puder, relido um dia por outros, entretê-los também na passagem, será bem. Se não o lerem, nem se entretiverem, será bem também.”
É como se eu quisesse ser cada vez menor, ir diminuindo, diminuindo, diminuindo, até ficar do tamanho de uma só pessoa, eu mesmo. E aí me seguro nessa pessoa e ali eu fico.
Peace !
O poema nasce aos poucos
começa com um grãozinho de areia dentro do peito da gente
E aquele pequeno grão vai causando um incômodo,
assim como nas ostras do Rubem Alves
Aquele grão é envolvido com uma capa de poesia,
que vai crescendo, crescendo,
no silêncio da noite,
regado com lágrimas de emoções
E eis que um belo dia a poesia grita lá de dentro:
— Estou prontaaaa !!
E não tem quem segure esse momento lindo.
A pessoa para o que estiver fazendo,
pega o primeiro pedaço de papel que encontrar pela frente
e desembesta a escrever.
E assim nascem os poemas.
[devaneio]
É gostosa essa ideia de que o poema vai germinando dentro da gente, e sai de uma vez só quando está pronto. Retrata uma visão mais orgânica de concepção, que me agrada mais do que a ideia de que ele tem origem na mente.
Acho que tem poesia feita na mente e poesia feita no coração, e a gente sente isso na hora que lê, dependendo do lugarzinho que cada palavra acende na gente. Há poemas intelectuais que agradam ao cérebro, que exigem intelectualidade para serem entendidos, e há poemas concebidos pelas emoções, que depois tiram lágrimas de nossos olhos e colocam sorrisos nos nossos lábios.
Gosto mais destes, que tem raiz no coração.
:)
Eu não sei...
Tudo que eu não sei,
minha Mente trata logo de saber.
Mesmo não sendo,
o que de fato é.
Ela não se importa,
gosta mesmo é de preencher vazios.
Se aparece um vazio, por menor que seja,
dá-lhe Dona Mente,
certeira e ligeira,
já colore tudo,
enche de floreios,
faz volteios,
passado,
presente,
futuro,
ausente,
sempre mente.
Já o Coração,
que sempre sabe das coisas,
fica alí,
quietiiinho.
Finge que não é com ele.
Ele tudo sabe,
mas é acanhado,
o danado.
A gente tem que pedir com carinho,
baixar a voz,
abrir os ouvidos.
E aí vem ele e canta tudo numa bela canção
que enche a gente de lágrimas.
[Vitor Uemura]
Se ando triste
Me contenta a ideia de que pelo menos ando
Não estou parado
E se continuar andando triste
Me conforta a ideia de que alguma hora hei de atravessar este deserto da tristeza
Só então poderei dizer que ando feliz
Mas já sabendo que terei de atravessar essas planícies também.
[Vitor Uemura]
A chave precisa de uma fechadura
Não há utilidade em ter a chave sem ter o que abrir, e o mesmo ocorre no caso contrário, quando há o que abrir mas não se possui a chave.
As vezes a gente sabe muito bem o que quer, e encontra dificuldades em alcançar ou completar isso por não termos as habilidades, conhecimentos ou os recursos necessários para tal. E tem vezes que a gente sabe que tem um monte de habilidades e aspetos favoráveis, mas não encontramos uma maneira de aplica-los por não sabermos o que desejamos.
[ devaneios]
Na minha opinião o segundo caso é mais preocupante... Acredito que estar perdido em relação ao que desejo reflete uma desconexão comigo mesmo e minhas vontades. Muitas vezes me pego sem rumo, sem saber ao certo onde colocar minhas energias. Outras tantas vezes me vejo mudar de rumo constantemente, como se não conseguisse me manter de uma mesma forma por bastante tempo, como se meus interesses estivessem em constante mudança. E esse tem sido o pano de fundo da minha existência.
Me aconchego nas palavras de Bernardo Soares, que no Livro do Desassossego disse o seguinte:
“E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de um emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa; uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual. Tudo me interessa e nada me prende.”
Não sei se é bom ou se é ruim ser assim, não sei se existe essa coisa de bom ou ruim quando o assunto é esse. Acho que pode ser ruim caso eu me sinta mal em relação a esse assunto, o que de fato ocorre. Mas pode ser que eu me sinta mal em relação a isso pelo simples fato de eu ter sido criado em uma sociedade que vê isso como um problema, uma sociedade em que não ter um objetivo de vida claro e bem definido é tido como algo ruim. Então, por estar fora do contexto social "padrão" eu acabo me sentindo mal por achar que estou ou sou "errado".
As vezes penso que, ao ficar constantemente preocupado com ideias sobre carreira, destino, objetivo de vida, eu acabo esquecendo de fazer o mais básico, que é simplesmente viver e sentir o que a vida traz e para onde ela conduz. Simplesmente viver quer dizer me entregar ao que está acontecendo, sentir o que estou sentindo e lidar com as adversidades de maneira real, com o que tenho e com o que sei. Muitas vezes fico sem saber o que fazer porque não estou prestando atenção ao que estou sentindo, porque estou com a cabeça cheia de pensamentos sobre o que devo fazer.
Pode ser que essa coisa toda do objetivo de vida, da carreira, destino, propósito... Talvez isso tudo seja apenas uma ilusão com a qual a mente me tira do momento presente, porque ao me preocupar com isso, ao pensar sobre isso, já não estou mais em mim mesmo, já não estou mais sentindo o que está se passando, já estou desligado de minhas sensações. Ao focar nessas questões deixo de sentir o caminho que a vida coloca em minha frente, pois fico cego para ele. Se penso que tenho que encontrar um propósito, é porque não estou vivendo o propósito e acredito que deva haver um propósito. Se simplesmente vivo, e acredito que seja esse o propósito (simplesmente viver), não há o que procurar e nem o que ser encontrado.
Deixo o link para um poema que escrevi faz um tempo e que exprime um pouco das ideias aqui presentes.
Quando a janela da alma está aberta
Não há dentro e nem fora
O que se é
É como se é
O que se faz
É o que se é
Seja bom seja ruim
É o que se é no momento
E o que se é está em constante movimento
Abro a porta e a janela
Não somente para ver o sol nascer
Mas também para ser o sol que nasce
[Vitor Uemura]
Há tanto que não digo
Que muita arte é preciso
Pra acalmar o coração
[Vitor Uemura]
A arte se faz presente quando há sentimento.
Se existe um sentir, existe a arte, pois é ela que conecta os mundos.
Cultivar o que se sente é alimentar a chama da arte, é mantê-la viva e pulsante.
Quem busca a criatividade, deve prestar atenção ao que se passa em seu coração.
[Vitor Uemura]
O manto da noite
que as vezes me cobre
é a dor que carrego
e que as vezes me acorda
de um sono profundo no qual me afogava
em uma vida que não era minha
e por isso sonhava
não era real
por mais forte que fosse
por mais gostoso que estava
O manto da noite
que visto agora
me mostra o caminho
perdido outrora
por mais que me doa
a sombra que vejo é minha espada luminosa
sou rei de minha hora
[Vitor Uemura]
Busco contato íntimo comigo mesmo
Me quero
Me necessito
Me desejo, a cada momento
Quero estar comigo
Correr ao meu lado
Escutar minha voz
Versar meus versos
Dançar minha música
Quero à mim
E somente à mim
A parte que me falta,
Eu a tenho
Mas ainda não a sinto.
[Vitor Uemura]
Se observo a Vida
creio que, também ela me observa
Se me pergunto:
— Que fazer dela ?
Ela também está a perguntar:
— Que fazes de mim ?
Se a sinto passar depressa,
é com pressa que ela me vê afastar
Se lhe dou um abraço apertado
cheio de amor
Ela retribui e diz:
— Também te amo
[Vitor Uemura]
Que faço com meu traço,
quando ele decide não aparecer
quando se rebela e se esconde
Que sou eu sem ele ?
Que de caneta em mão,
miro o papel,
em vão
Que faço ?
Dou-lhe o tempo que precisa ?
E se precisar de toda uma vida ?
Se tiver feito já as malas,
e partido sem avisar ?
Que faço ?
Que faço sem meu traço ?
[Vitor Uemura]
Tem uma caixa cheia de coisas bonitas
Essa caixa tem tampa
Está fechada
As vezes esta caixa fica até guardada
dentro de outra caixa
Tudo protegido,
encaixotadinho,
em segurança
[Vitor Uemura]